30.3.05
Sobre a anunciada medida de introdução do ensino do inglês na Escola Primária.
Rejubilemos, assim nos aconselham, com a apregoada introdução do ensino do Inglês na Escola Primária, mas não esqueçamos aquilo que foi dito a propósito da outra famigerada introdução : a dos Computadores nas Escolas e do seu acesso à Internet, instrumentos arvorados em panaceias auto-suficientes para promoverem a modernização e o sucesso escolares.
Sempre, naturalmente, sem esforço, sobretudo sem o negregado trabalho, mas, pelo contrário, no mais completo ambiente de festa, descontraída e divertida, como acham os pós-modernos Pedagogos que deve ser o actual Sistema de Ensino.
Tudo, advirta-se, sem esforço, como se em festa, numa franca diversão, sem a maldita da Matemática, disciplina, como se sabe, extraordinariamente rebelde ao espírito libertário e igualitário que se deseja inculcar nos jovens aprendizes. Como aliás desgraçadamente acontece com mais algumas disciplinas :
A Física, por exemplo : uma chatice, com imensas fórmulas que alguém inventou e agora há que conhecer e utilizar ; as Ciências Naturais, com múltiplos nomes arrevesados de muita teoria e prática interpretativas dos inúmeros processos a estudar ; a Geografia, com enorme variação de fenómenos a identificar, pelas diversas regiões do Globo ; a História, longa, por natureza, com muitos intervenientes, montes de datas de referência ; o Português, cuja gramática não se aguenta, carregada de subtilezas, de variantes, com muitos verbos irregulares, com demasiados modos e tempos para reconhecer e dominar, havendo tantas outras coisas alternativas para fazer, como sentar-se comodamente no sofá a ver bonecos ágeis, inteligentes, ainda que vocacionalmente maléficos, cheios de artimanhas curiosas, que tanto estimulam e ensinam às mentes precocemente enfastiadas, por sobredoses de excitação electrónica, das nossas fragilizadas crianças.
Isto para já não falar naquelas disciplinas que, em bom tempo, praticamente abolimos do Ensino, como o Latim e o Grego, falares horríveis, desactualizados e inúteis, embebidos em gramáticas tortuosas, mortificantes, consumidoras inúteis da nossa juvenil energia intelectual.
O mesmo se diga do Francês, que deixou felizmente de ser obrigatório no Secundário, apesar de falado na actualidade por vários países, em muito lado e por imensa gente, que, entretanto, deve ter ficado, presume-se, irremediavelmente antiquada. A sua gramática, porventura ainda mais minuciosa e subtil que a do Português, inevitavelmente o condenou ao insucesso, tal como aconteceu com o Alemão, de resto, idioma rebarbativo, que insistia nas declinações e na rigidez das regras gramaticais.
Felizmente que já nada disto atormenta e obnubila os desembaraçados espíritos das novas gerações.
Quando tudo tivermos transformado em alegres e divertidas sessões de batucada de teclas, com animação de suporte, para aligeirar as matérias, teremos atingido o clímax do sucesso do Ensino e os jovens correrão ansiosos e afogueados para as Escolas, finalmente tornadas templos de diversão e recreio, onde o conhecimento será facultado, disponibilizado, todo pronto, sem nenhum laivo de esforço, para gáudio dos Pedagogos pós-modernos que assim verão realizado o seu grande e persistente desiderato : substituir a ideia de esforço pela de diversão na aprendizagem das matérias do Ensino oficial.
Falta pouco para tal se tornar realidade. Só mais um pequeno esforço, cidadãos modernos e optimistas, obreiros dos futuros êxitos sociais e civilizacionais.
A visão atrás caricaturada não está infelizmente tão distante de nós como os optimistas negligentes nos querem fazer crer. Com a exaltada introdução do Inglês na Primária, pode vir a suceder aquilo que já todos comprovámos com anteriores fantasias brandidas como sinónimo de sucesso assegurado.
Passados alguns anos, verificamos o seu completo fracasso ou escassíssimo mérito, sem nenhuma correspondência com os recursos atribuídos, rapidamente malbaratados nas fantasias abraçadas.
Ganhemos primeiro credibilidade de base, pondo a funcionar um Sistema de Ensino desacreditado, caro, ineficiente, delapidador de recursos e frustrante para os Professores conscientes e dedicados que se esforçam por salvar alguma coisa do imenso caos em que há demasiados anos todo o sistema educativo caiu, mas sobretudo o Primário e o Secundário, verdadeiro açougue de potencialidades e vocações, de outra forma vantajosamente aproveitadas.
Sem isto, de nada servirá anunciar a introdução dos Computadores, da Internet ou do Inglês nas fases iniciais do Sistema Educativo. Enganar-nos-emos uma vez mais, até à próxima confissão de mais um sonoro e rotundo fracasso.
Comecemos pelas coisas simples e pequenas, concretas, ao alcance de qualquer um e que ainda não há muito tempo se conseguia ensinar com proficiência regular, nos mais baixos graus de ensino e em qualquer escola pública do País.
Reabilitemos o Ensino Público, sobretudo o dos primeiros escalões, verdadeiro amparo dos cidadãos economicamente mais fracos, se queremos ganhar credibilidade para outros voos. De contrário, tudo não passará do tal fogo fátuo que dura pouco mais do que um fósforo. Lembremo-nos de que trinta anos já são passados desde que colectivamente nos prometemos um mundo novo e auspicioso, pleno de saber, de cultura e de bem-estar físico, social e económico.
E, sobretudo não mais culpemos o Gonçalvismo, o Salazarismo, a Primeira República, a Maçonaria, a Monarquia, a Igreja e a Inquisição, a saída nas Caravelas ou o Primeiro Afonso, que se rebelou contra a mãe, etc., etc., etc.
Tornemo-nos sérios, empreendedores, constantes no trabalho e nos objectivos, se queremos alcançar um lugar decente no concerto das nações da União Europeia e das demais pelo mundo fora.
Deixemo-nos de ledos enganos de alma, lá onde eles não têm nenhum cabimento.
Honremo-nos pelo trabalho sério e continuado, culpando-nos a nós primeiro pelos fracos resultados obtidos e procuremos, com solidariedade, porfiar no recto caminho, que os ventos hão-de mudar. Saibamos então aproveitá-los.
Ad augusta per angusta / A resultados elevados por caminhos estreitos.
AV_Lisboa, 30 de Março de 2005
Sempre, naturalmente, sem esforço, sobretudo sem o negregado trabalho, mas, pelo contrário, no mais completo ambiente de festa, descontraída e divertida, como acham os pós-modernos Pedagogos que deve ser o actual Sistema de Ensino.
Tudo, advirta-se, sem esforço, como se em festa, numa franca diversão, sem a maldita da Matemática, disciplina, como se sabe, extraordinariamente rebelde ao espírito libertário e igualitário que se deseja inculcar nos jovens aprendizes. Como aliás desgraçadamente acontece com mais algumas disciplinas :
A Física, por exemplo : uma chatice, com imensas fórmulas que alguém inventou e agora há que conhecer e utilizar ; as Ciências Naturais, com múltiplos nomes arrevesados de muita teoria e prática interpretativas dos inúmeros processos a estudar ; a Geografia, com enorme variação de fenómenos a identificar, pelas diversas regiões do Globo ; a História, longa, por natureza, com muitos intervenientes, montes de datas de referência ; o Português, cuja gramática não se aguenta, carregada de subtilezas, de variantes, com muitos verbos irregulares, com demasiados modos e tempos para reconhecer e dominar, havendo tantas outras coisas alternativas para fazer, como sentar-se comodamente no sofá a ver bonecos ágeis, inteligentes, ainda que vocacionalmente maléficos, cheios de artimanhas curiosas, que tanto estimulam e ensinam às mentes precocemente enfastiadas, por sobredoses de excitação electrónica, das nossas fragilizadas crianças.
Isto para já não falar naquelas disciplinas que, em bom tempo, praticamente abolimos do Ensino, como o Latim e o Grego, falares horríveis, desactualizados e inúteis, embebidos em gramáticas tortuosas, mortificantes, consumidoras inúteis da nossa juvenil energia intelectual.
O mesmo se diga do Francês, que deixou felizmente de ser obrigatório no Secundário, apesar de falado na actualidade por vários países, em muito lado e por imensa gente, que, entretanto, deve ter ficado, presume-se, irremediavelmente antiquada. A sua gramática, porventura ainda mais minuciosa e subtil que a do Português, inevitavelmente o condenou ao insucesso, tal como aconteceu com o Alemão, de resto, idioma rebarbativo, que insistia nas declinações e na rigidez das regras gramaticais.
Felizmente que já nada disto atormenta e obnubila os desembaraçados espíritos das novas gerações.
Quando tudo tivermos transformado em alegres e divertidas sessões de batucada de teclas, com animação de suporte, para aligeirar as matérias, teremos atingido o clímax do sucesso do Ensino e os jovens correrão ansiosos e afogueados para as Escolas, finalmente tornadas templos de diversão e recreio, onde o conhecimento será facultado, disponibilizado, todo pronto, sem nenhum laivo de esforço, para gáudio dos Pedagogos pós-modernos que assim verão realizado o seu grande e persistente desiderato : substituir a ideia de esforço pela de diversão na aprendizagem das matérias do Ensino oficial.
Falta pouco para tal se tornar realidade. Só mais um pequeno esforço, cidadãos modernos e optimistas, obreiros dos futuros êxitos sociais e civilizacionais.
A visão atrás caricaturada não está infelizmente tão distante de nós como os optimistas negligentes nos querem fazer crer. Com a exaltada introdução do Inglês na Primária, pode vir a suceder aquilo que já todos comprovámos com anteriores fantasias brandidas como sinónimo de sucesso assegurado.
Passados alguns anos, verificamos o seu completo fracasso ou escassíssimo mérito, sem nenhuma correspondência com os recursos atribuídos, rapidamente malbaratados nas fantasias abraçadas.
Ganhemos primeiro credibilidade de base, pondo a funcionar um Sistema de Ensino desacreditado, caro, ineficiente, delapidador de recursos e frustrante para os Professores conscientes e dedicados que se esforçam por salvar alguma coisa do imenso caos em que há demasiados anos todo o sistema educativo caiu, mas sobretudo o Primário e o Secundário, verdadeiro açougue de potencialidades e vocações, de outra forma vantajosamente aproveitadas.
Sem isto, de nada servirá anunciar a introdução dos Computadores, da Internet ou do Inglês nas fases iniciais do Sistema Educativo. Enganar-nos-emos uma vez mais, até à próxima confissão de mais um sonoro e rotundo fracasso.
Comecemos pelas coisas simples e pequenas, concretas, ao alcance de qualquer um e que ainda não há muito tempo se conseguia ensinar com proficiência regular, nos mais baixos graus de ensino e em qualquer escola pública do País.
Reabilitemos o Ensino Público, sobretudo o dos primeiros escalões, verdadeiro amparo dos cidadãos economicamente mais fracos, se queremos ganhar credibilidade para outros voos. De contrário, tudo não passará do tal fogo fátuo que dura pouco mais do que um fósforo. Lembremo-nos de que trinta anos já são passados desde que colectivamente nos prometemos um mundo novo e auspicioso, pleno de saber, de cultura e de bem-estar físico, social e económico.
E, sobretudo não mais culpemos o Gonçalvismo, o Salazarismo, a Primeira República, a Maçonaria, a Monarquia, a Igreja e a Inquisição, a saída nas Caravelas ou o Primeiro Afonso, que se rebelou contra a mãe, etc., etc., etc.
Tornemo-nos sérios, empreendedores, constantes no trabalho e nos objectivos, se queremos alcançar um lugar decente no concerto das nações da União Europeia e das demais pelo mundo fora.
Deixemo-nos de ledos enganos de alma, lá onde eles não têm nenhum cabimento.
Honremo-nos pelo trabalho sério e continuado, culpando-nos a nós primeiro pelos fracos resultados obtidos e procuremos, com solidariedade, porfiar no recto caminho, que os ventos hão-de mudar. Saibamos então aproveitá-los.
Ad augusta per angusta / A resultados elevados por caminhos estreitos.
AV_Lisboa, 30 de Março de 2005
PSD : Uma sigla de um Partido sem conteúdo político identificativo
Encontram-se nos tempos correntes alguns nomes designativos de entidades políticas sem cotação relevante na sociedade portuguesa.
Os motivos de tão degradada valoração dessas entidades radicam na actuação ou comportamento espúrios dos seus mais destacados dirigentes, recrutados de meios onde campeiam o oportunismo e a inépcia política e técnica, a níveis continuamente rebaixados.
Está nesta situação o nosso conhecido PSD – Partido Social Democrático – a que certas pessoas teimam colar o apêndice nominativo de PPD – Partido Popular Democrático –, designação sem dúvida mais conveniente para a dissimulação doutrinária ou ideológica a que pretendem submetê-lo.
Anos sucessivos de inadequada representação e assaltos repetidos de gente desqualificada, tudo proveniente da consabida má moeda, quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista cívico ou moral, retiraram valor e credibilidade a uma sigla que hoje se banalizou, ao ponto de já nem acrescentar valor ao que quer que seja que se lhe associe. Pior ainda, a sua simples exibição ou citação pode vir a retirar credibilidade ao que quer que em seu nome se apresente.
Perante tal descalabro que caminhos se abrem a quem tencione reformar a Instituição para lhe restituir o bom nome perdido ?
Crêem alguns, admitamos que bem intencionados, que bastarão uns reajustamentos ou pontuais substituições de responsáveis de certas estruturas, para que tudo volte ao seu normal, sendo o normal, para eles, pôr em funcionamento um qualquer maquinismo para fins eleitorais, capaz de os reconduzir ao ambicionado Poder.
Uma vez aí chegados, os problemas automaticamente se resolverão. Em primeiro lugar para eles, obviamente, que, aí instalados, poderão promover umas quantas distribuições de sinecuras aos amigos do peito, que os ajudaram na miraculada ascensão.
No mais, o ramerrão habitual ou, como certamente as figuras de proa política preferirão, business as usual, uns concursos patrocinados de dentro do Poder, umas concessões, umas adjudicações a Empresários amigos, uns pequenos favorecimentos a Consultoras, uns compadrios, umas preferências oportunas, tudo legal, como convém, se for feito com habilidade sofrível, se não, agenciando a conivência ou a anulação de eventuais empecilhos ou inconvenientes obstruções.
A isto se tem resumido, nos últimos dez anos, sobretudo, a passagem pelo Governo de uma gente oriunda dos dois grandes partidos centrais PSD-PS, conhecida por moderna, liberal quanto baste, bem relacionada nos corredores do Poder e nas ligações destes com as Empresas, apadrinhada pelos beneficiados do costume, em regime de equilibrada rotatividade, a bem da concórdia das novas famílias sócio-financeiras emergentes do constitucionalismo democrático pós-25 de Abril.
Neste panorama, que cabimento têm os Partidos, supostamente diferentes, baseados em Doutrinas e Programas nascidos de convicções antigas e bem vincadas nos nobres ideais de Justiça, Liberdade, Independência, Progresso, Solidariedade e Bem-Estar ?
Respondam os Cidadãos que sustentam a presente realidade, com o seu voto, o seu apoio e a sua persistente boa vontade !
Agora, que o Poder mudou, que perderão os Cidadãos anónimos, sérios e trabalhadores, que sustentaram o PSD, com o afastamento deste da esfera do dito ?
Que fariam os seus representantes políticos que estes não façam igual ou melhor, porventura até de forma menos canhestra, excepto talvez no capítulo da atribuição de cargos, onde o PS se mostra geralmente mais insaciável, porque menos inibido ?
Que mais será preciso dizer aos cidadãos honestos deste País, que ainda não tenha sido dito, comprovadamente sem a menor consequência visível ?
Para que serve a Política, para além da discussão dos Orçamentos Gerais do Estado, da redução da dívida pública, do controlo da inflação e de outras questões tão do agrado dos Macro-Economistas erigidos em Magos do presente Regime Democrático ?
Há mais mundo para além do défice, dizia há tempo o nosso prolixo Presidente. Esperemos que disso não se tenha, entretanto, esquecido e apareça com semelhante afã a proclamar mais altos e variados temas de discussão nacional.
De novo, a pergunta excruciante :
Que fazer com estes Partidos de vocação governamental e em particular com o PSD actual ?
Como insuflar o sopro vital em tão depauperado corpo ?
Revelem-se agora os futuros agentes da mudança, falando claro, com objectividade, sobre o que pretendem para o País, como e com que pessoas se propõem regenerar o PSD do nosso amargurado descontentamento ?
Quid agendum ? / Que fazer ? Que deve ser feito ?
AV_Lisboa, 29 de Março de 2005
Os motivos de tão degradada valoração dessas entidades radicam na actuação ou comportamento espúrios dos seus mais destacados dirigentes, recrutados de meios onde campeiam o oportunismo e a inépcia política e técnica, a níveis continuamente rebaixados.
Está nesta situação o nosso conhecido PSD – Partido Social Democrático – a que certas pessoas teimam colar o apêndice nominativo de PPD – Partido Popular Democrático –, designação sem dúvida mais conveniente para a dissimulação doutrinária ou ideológica a que pretendem submetê-lo.
Anos sucessivos de inadequada representação e assaltos repetidos de gente desqualificada, tudo proveniente da consabida má moeda, quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista cívico ou moral, retiraram valor e credibilidade a uma sigla que hoje se banalizou, ao ponto de já nem acrescentar valor ao que quer que seja que se lhe associe. Pior ainda, a sua simples exibição ou citação pode vir a retirar credibilidade ao que quer que em seu nome se apresente.
Perante tal descalabro que caminhos se abrem a quem tencione reformar a Instituição para lhe restituir o bom nome perdido ?
Crêem alguns, admitamos que bem intencionados, que bastarão uns reajustamentos ou pontuais substituições de responsáveis de certas estruturas, para que tudo volte ao seu normal, sendo o normal, para eles, pôr em funcionamento um qualquer maquinismo para fins eleitorais, capaz de os reconduzir ao ambicionado Poder.
Uma vez aí chegados, os problemas automaticamente se resolverão. Em primeiro lugar para eles, obviamente, que, aí instalados, poderão promover umas quantas distribuições de sinecuras aos amigos do peito, que os ajudaram na miraculada ascensão.
No mais, o ramerrão habitual ou, como certamente as figuras de proa política preferirão, business as usual, uns concursos patrocinados de dentro do Poder, umas concessões, umas adjudicações a Empresários amigos, uns pequenos favorecimentos a Consultoras, uns compadrios, umas preferências oportunas, tudo legal, como convém, se for feito com habilidade sofrível, se não, agenciando a conivência ou a anulação de eventuais empecilhos ou inconvenientes obstruções.
A isto se tem resumido, nos últimos dez anos, sobretudo, a passagem pelo Governo de uma gente oriunda dos dois grandes partidos centrais PSD-PS, conhecida por moderna, liberal quanto baste, bem relacionada nos corredores do Poder e nas ligações destes com as Empresas, apadrinhada pelos beneficiados do costume, em regime de equilibrada rotatividade, a bem da concórdia das novas famílias sócio-financeiras emergentes do constitucionalismo democrático pós-25 de Abril.
Neste panorama, que cabimento têm os Partidos, supostamente diferentes, baseados em Doutrinas e Programas nascidos de convicções antigas e bem vincadas nos nobres ideais de Justiça, Liberdade, Independência, Progresso, Solidariedade e Bem-Estar ?
Respondam os Cidadãos que sustentam a presente realidade, com o seu voto, o seu apoio e a sua persistente boa vontade !
Agora, que o Poder mudou, que perderão os Cidadãos anónimos, sérios e trabalhadores, que sustentaram o PSD, com o afastamento deste da esfera do dito ?
Que fariam os seus representantes políticos que estes não façam igual ou melhor, porventura até de forma menos canhestra, excepto talvez no capítulo da atribuição de cargos, onde o PS se mostra geralmente mais insaciável, porque menos inibido ?
Que mais será preciso dizer aos cidadãos honestos deste País, que ainda não tenha sido dito, comprovadamente sem a menor consequência visível ?
Para que serve a Política, para além da discussão dos Orçamentos Gerais do Estado, da redução da dívida pública, do controlo da inflação e de outras questões tão do agrado dos Macro-Economistas erigidos em Magos do presente Regime Democrático ?
Há mais mundo para além do défice, dizia há tempo o nosso prolixo Presidente. Esperemos que disso não se tenha, entretanto, esquecido e apareça com semelhante afã a proclamar mais altos e variados temas de discussão nacional.
De novo, a pergunta excruciante :
Que fazer com estes Partidos de vocação governamental e em particular com o PSD actual ?
Como insuflar o sopro vital em tão depauperado corpo ?
Revelem-se agora os futuros agentes da mudança, falando claro, com objectividade, sobre o que pretendem para o País, como e com que pessoas se propõem regenerar o PSD do nosso amargurado descontentamento ?
Quid agendum ? / Que fazer ? Que deve ser feito ?
AV_Lisboa, 29 de Março de 2005
17.3.05
O Génio e o Q.I. * , vulgo, Cunha
Na passada 2ª feira, dia 14 de Março de 2005, comemoraram-se mais duas efemérides importantes : as do nascimento de duas figuras notáveis, cada qual no seu campo – Albert Einstein (n.1879) e Raymond Aron (n.1905).
O Público, periódico que se quer de referência, deu destaque às duas. À primeira, por redobrada razão, visto que 2005 foi considerado também Ano Internacional da Física, em memória dos cinco trabalhos publicados há 100 anos pelo então jovem Einstein, um dos quais, sobre o efeito foto-eléctrico, lhe haveria de valer a atribuição do Prémio Nobel da Física, em 1921. À segunda, por atenta intervenção do seu Director, José Manuel Fernandes, prolífico editorialista, nem sempre feliz nos alvos que escolhe, como sói suceder a quem a tantos e tão variados temas tem de diariamente acudir.
Torna-se já ocioso referir as qualidades e as facetas interessantes do grande génio alemão da Ciência do século xx. Alemão, mais por acidente, que por qualquer outra razão, nacionalidade a que viria, aliás, a renunciar, por duas vezes, ao longo da sua vida, tendo até durante algum tempo permanecido apátrida, coisa que não o incomodava por aí além, como judeu, algo errante, como os demais, desde os anos distantes da destruição do Templo, na Jerusalém mítica, disputada pelas três religiões do Livro.
Estava eu relendo uma biografia sua, que guardo na minha estimada biblioteca, desde os anos 80, quando a adquiri e de que sempre gostei muito, pelo manancial de informação criteriosa que dá do celebrado cientista - trata-se do livro de Banesh Hoffman, um dos seus colaboradores, Professor de Física, e de Hellen Dukas, sua secretária durante mais de trinta anos, «Einstein, Créateur et Rebelle», na excelente tradução francesa de Maurice Manly, Éditions du Seuil, collection «Points Sciences» - quando rememorei um pormenor, a meu juízo, curiosíssimo sobre o início da vida profissional de Einstein.
Registe-se que o referido livro foi publicado na versão original americana, em 1972, «Albert Einstein, Creator and Rebel», por The Viking Press, New York, dezassete anos após o desaparecimento do génio. De então para cá, milhares de outros devem já ter saído a lume, não sei se de qualidade equivalente, mas certamente que com essa possibilidade, dado o acervo de informação que foi sendo disponibilizada de então para cá.
Um dos livros mais citados, além deste, como de boa referência é o de Abraham Pais, publicado nos EUA em 1982 : «Subtle is the Lord / Subtil é o Senhor», alentada obra de um igualmente Professor de Física e íntimo colaborador de Einstein, editado em Portugal em 1993, pela Gradiva, com tradução de dois Físicos portugueses, Fernando Parente e Viriato Esteves, que ainda não li, mas já compulsei, parecendo-me bastante minucioso na parte científica, talvez demasiado, para o grande público, e razoável na parte propriamente biográfica, sem atingir neste aspecto, o nível de pormenor do de Banesh Hoffman.
Menciono ainda como complemento de informação, para os que quiserem iniciar-se na Teoria da Relatividade, numa base acessível, mas rigorosa, com equações de Maxwell e algum parcimonioso formulário, um livrinho, de cerca de 60 páginas, com a matéria bem organizada e bastante bem escrito, do Professor António Brotas, já jubilado do IST (Instituto Superior Técnico) de Lisboa, intitulado «O Essencial sobre a Teoria da Relatividade» da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, Maio de 1988, com uma tiragem de 10 000 exemplares, ainda não completamente esgotada e ao módico preço de € 1,00. Isto mesmo : 1 euro, menos do custo de um jornal de fim-de-semana.
Dedicou António Brotas este pequeno mas muito meritório livro à memória de seu avô, Professor António dos Santos Lucas, « que no ano lectivo de 1922-23 deu, na Faculdade de Ciências de Lisboa, um Curso de Relatividade Restrita e Generalizada », demonstrando assim como se herdam estas afinidades e se expressa gratidão e reconhecimento a quem foi pioneiro emérito na missão de ensinar e divulgar as luzes da Ciência, forma mais adequada e segura de fomentar o progresso das sociedades.
Mas o pormenor curiosíssimo a que me referi acima reside no seguinte :
Como se sabe, Albert Einstein diplomou-se pela Escola Superior Politécnica de Zurique, em Física-Matemática, no ano de 1900, com 21 anos de idade, depois de um curso algo penoso, sem nele ter granjeado grande notoriedade, até pelo seu feitio um tanto rebelde, irreverente e sonhador.
Um seu condiscípulo e futuro amigo dilecto, Marcel Grossmann, estudante aplicado, assíduo às aulas e muito metódico na organização dos apontamentos que tirava das lições dos mestres, haveria de valer-lhe imenso, quer durante o curso, quer depois do seu términus, como se avaliará.
Concluído o curso, sem ter recebido qualquer convite para ingressar na carreira docente ou na de investigação da própria Escola, o nosso jovem Alberto, apertado pelas dificuldades económicas, para não sobrecarregar a família, logo começou a procurar emprego, de preferência estável, como fazem os jovens de hoje e como fizeram os de sempre.
Escreveu cartas a Professores prestigiados, enviou-lhes alguns trabalhos que ia desenvolvendo, no campo da Física Teórica, mas, invariavelmente, não obtinha como resposta senão o mais profundo silêncio. Até o Pai, sem Alberto o saber, tomava a seu cargo a tarefa de o recomendar a Professores de que tinha conhecimento o filho estimava.
Entretanto, Einstein ia dando lições em Colégios privados e a particulares, para garantir a sua subsistência.
Já bastante desesperado com a situação, Einstein foi ter com o seu ex-colega Marcel Grossmann, que se tornara Assistente Universitário, na Escola em que ambos se formaram. Aí não lhe podendo valer, Marcel prometeu, todavia, ajudá-lo no que estivesse ao seu alcance.
Com efeito, o pai deste conhecia o Director da Repartição Pública de Registo de Patentes, em Berna, Friedrich Haller, o qual, avisado, convocou Einstein para uma entrevista, para aquilatar da sua adequação a uma possível vaga no quadro técnico superior da instituição.
Nela se deu conta de que o moço não reunia as qualificações técnicas pretendidas para o lugar, mas no decurso da mesma se terá apercebido da sólida formação e interesse do moço por algumas matérias, entre elas a da teoria do Electromagnetismo de James Maxwell.
No entanto, nada poderia fazer, naquela altura, 1901, aconselhando-o a estar atento ao anúncio de vagas postas a concurso oficial que iria surgir na imprensa a breve prazo.
Einstein, já em Berna, em Fevereiro de 1902, não deixou de saber da abertura de uma vaga, pela gazeta federal e, naturalmente, a ela concorreu, tendo sido admitido, em 23 de Junho, para o lugar de Engenheiro Estagiário de 3ª classe, com o vencimento anual de 3 500 F, modesto, segundo dizem, mesmo para a época.
Ou seja, e aqui é que reside o fulcro da história, mesmo um génio, como o nosso Albert Einstein, jovem, idealista e bem formado, teve de agenciar uma oportuna cunha, empenho de amigo dilecto (quem o indicou), para lograr o seu primeiro emprego estável, mas de mui modesto estatuto, apesar de todas as suas potencialidades.
Exultai, pois, ó ávidas e venais criaturas destes pós-modernos tempos, especialistas em manobrar expedientes diversos, nos meandros do poder, para cobrar múltiplas sinecuras, porque estais de antemão relativizadas nesse comércio, pelo vero criador da Teoria da Relatividade.
Se até um vulto da Ciência, como Einstein, houve de recorrer a esse nefando método, porque havereis vós de vos inibir ante tal possibilidade ?
A vida de Einstein tem muitos e variados episódios interessantes, quer nos aspectos científicos, alguns bastante complexos, como qualquer um que haja estudado Física na Universidade pode comprovar, mesmo sem se ter adentrado muito nela, como também nos seus comuns aspectos quotidianos e nas reflexões de carácter cívico e filosófico, em que o génio de Einstein sempre se manifestava.
Até o seu tão proverbial pacifismo se viu corrigido perante a necessidade de suster e derrotar a bestialidade nazi.
Há anos, quando passei um período na Suíça, tive oportunidade de, em Berna, visitar a Casa Museu Einstein, casa onde ele habitou, um 2º andar, na Rua Kramgasse, 49, naqueles anos iniciais, mas férteis, da sua estada nesta cidade.
Surpreenderam-me a modéstia e a exiguidade dos aposentos, se bem que na altura o génio fosse ainda um ilustre desconhecido, no mundo conservador da sociedade helvética de então e, provavelmente, tal não destoasse da mediania de conforto dos lares daqueles mais sóbrios tempos.
Era, quando lá estive, há cerca de 14 anos, curador desta Casa-Museu um homem dos seus 70 anos, de espírito jovial, que, ao aperceber-se da minha nacionalidade, me cumprimentou, em Português, coisa que mais me espantou ainda. Disse-me que havia estado, nos anos 50 (séc. xx), em Lisboa, trabalhando na Embaixada da Suíça, como adido ou conselheiro de imprensa e aí havia aprendido a nossa língua.
Logo me referiu alguns pormenores da sua grata memória desses tempos. Tão atencioso se mostrou, que acabou por fechar a Casa, na altura quase no fim do seu período da abertura ao público e só comigo a visitá-la, para me convidar a descer ao rés-do-chão, a tomar um café, num pequeno estabelecimento aí existente, no qual se reunia com os seus amigos diariamente, em amena cavaqueira.
Este facto acabou por alterar completamente a impressão que levara comigo sobre a propalada frieza dos suíços, no seu trato com estrangeiros. Bem sei que posso ter estado perante uma excepção, mas acaba por ser destes acasos que se constrói a nossa falível opinião dos povos com quem entramos em contacto.
Quanto à segunda figura da efeméride, Raymond Aron, terá de ficar para um sequente artigo, em que procurarei reflectir na sua emulação de uma vida, com outro grande ícone do pensamento filosófico e político do século xx, ainda mais publicamente notabilizado que ele, como foi o caso de Jean-Paul Sartre, fundador do Existencialismo, intelectual idolatrado por multidões em todo o mundo, no período do pós-guerra até quase aos anos 80 do século passado, apesar dos erros políticos em que incorreu, como hoje quase todos reconhecem.
Sartre haveria de visitar Portugal, em 1975, em pleno período político conturbado, quando se ensaiava aqui a última revolução leninista da Europa, daquele desconcertante século, de exacerbadas guerras e revoluções, antes de alguém, precipitadamente, ter declarado o fim – próximo e tranquilo – da História, que, afinal, sabemo-lo agora, não será o fim, nem estará próximo e muito menos será tranquilo.
* Para quem ainda não saiba, o Q.I. aqui referido não significa o quociente intelectual ou de inteligência da célebre escala de Binet-Simon, estabelecida no começo do século xx, por aqueles dois Psicólogos franceses, para avaliar capacidades intelectuais de crianças, a partir de testes especialmente concebidos para esse fim. Mais prosaicamente, tem ele aqui o significado de «Quem Indica», circunstância que, como se sabe, ultrapassa, de longe, o valor do real e primitivo Q.I., tornando-o, com frequência, dispensável ou de muito secundária importância.
Nil desperandum / Não desesperar ; e
Nulla dies sine linea / Todos os dias fazer alguma coisa ( de útil, subentenda-se)
AV_Lisboa, 17 de Março de 2005
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O Público, periódico que se quer de referência, deu destaque às duas. À primeira, por redobrada razão, visto que 2005 foi considerado também Ano Internacional da Física, em memória dos cinco trabalhos publicados há 100 anos pelo então jovem Einstein, um dos quais, sobre o efeito foto-eléctrico, lhe haveria de valer a atribuição do Prémio Nobel da Física, em 1921. À segunda, por atenta intervenção do seu Director, José Manuel Fernandes, prolífico editorialista, nem sempre feliz nos alvos que escolhe, como sói suceder a quem a tantos e tão variados temas tem de diariamente acudir.
Torna-se já ocioso referir as qualidades e as facetas interessantes do grande génio alemão da Ciência do século xx. Alemão, mais por acidente, que por qualquer outra razão, nacionalidade a que viria, aliás, a renunciar, por duas vezes, ao longo da sua vida, tendo até durante algum tempo permanecido apátrida, coisa que não o incomodava por aí além, como judeu, algo errante, como os demais, desde os anos distantes da destruição do Templo, na Jerusalém mítica, disputada pelas três religiões do Livro.
Estava eu relendo uma biografia sua, que guardo na minha estimada biblioteca, desde os anos 80, quando a adquiri e de que sempre gostei muito, pelo manancial de informação criteriosa que dá do celebrado cientista - trata-se do livro de Banesh Hoffman, um dos seus colaboradores, Professor de Física, e de Hellen Dukas, sua secretária durante mais de trinta anos, «Einstein, Créateur et Rebelle», na excelente tradução francesa de Maurice Manly, Éditions du Seuil, collection «Points Sciences» - quando rememorei um pormenor, a meu juízo, curiosíssimo sobre o início da vida profissional de Einstein.
Registe-se que o referido livro foi publicado na versão original americana, em 1972, «Albert Einstein, Creator and Rebel», por The Viking Press, New York, dezassete anos após o desaparecimento do génio. De então para cá, milhares de outros devem já ter saído a lume, não sei se de qualidade equivalente, mas certamente que com essa possibilidade, dado o acervo de informação que foi sendo disponibilizada de então para cá.
Um dos livros mais citados, além deste, como de boa referência é o de Abraham Pais, publicado nos EUA em 1982 : «Subtle is the Lord / Subtil é o Senhor», alentada obra de um igualmente Professor de Física e íntimo colaborador de Einstein, editado em Portugal em 1993, pela Gradiva, com tradução de dois Físicos portugueses, Fernando Parente e Viriato Esteves, que ainda não li, mas já compulsei, parecendo-me bastante minucioso na parte científica, talvez demasiado, para o grande público, e razoável na parte propriamente biográfica, sem atingir neste aspecto, o nível de pormenor do de Banesh Hoffman.
Menciono ainda como complemento de informação, para os que quiserem iniciar-se na Teoria da Relatividade, numa base acessível, mas rigorosa, com equações de Maxwell e algum parcimonioso formulário, um livrinho, de cerca de 60 páginas, com a matéria bem organizada e bastante bem escrito, do Professor António Brotas, já jubilado do IST (Instituto Superior Técnico) de Lisboa, intitulado «O Essencial sobre a Teoria da Relatividade» da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, Maio de 1988, com uma tiragem de 10 000 exemplares, ainda não completamente esgotada e ao módico preço de € 1,00. Isto mesmo : 1 euro, menos do custo de um jornal de fim-de-semana.
Dedicou António Brotas este pequeno mas muito meritório livro à memória de seu avô, Professor António dos Santos Lucas, « que no ano lectivo de 1922-23 deu, na Faculdade de Ciências de Lisboa, um Curso de Relatividade Restrita e Generalizada », demonstrando assim como se herdam estas afinidades e se expressa gratidão e reconhecimento a quem foi pioneiro emérito na missão de ensinar e divulgar as luzes da Ciência, forma mais adequada e segura de fomentar o progresso das sociedades.
Mas o pormenor curiosíssimo a que me referi acima reside no seguinte :
Como se sabe, Albert Einstein diplomou-se pela Escola Superior Politécnica de Zurique, em Física-Matemática, no ano de 1900, com 21 anos de idade, depois de um curso algo penoso, sem nele ter granjeado grande notoriedade, até pelo seu feitio um tanto rebelde, irreverente e sonhador.
Um seu condiscípulo e futuro amigo dilecto, Marcel Grossmann, estudante aplicado, assíduo às aulas e muito metódico na organização dos apontamentos que tirava das lições dos mestres, haveria de valer-lhe imenso, quer durante o curso, quer depois do seu términus, como se avaliará.
Concluído o curso, sem ter recebido qualquer convite para ingressar na carreira docente ou na de investigação da própria Escola, o nosso jovem Alberto, apertado pelas dificuldades económicas, para não sobrecarregar a família, logo começou a procurar emprego, de preferência estável, como fazem os jovens de hoje e como fizeram os de sempre.
Escreveu cartas a Professores prestigiados, enviou-lhes alguns trabalhos que ia desenvolvendo, no campo da Física Teórica, mas, invariavelmente, não obtinha como resposta senão o mais profundo silêncio. Até o Pai, sem Alberto o saber, tomava a seu cargo a tarefa de o recomendar a Professores de que tinha conhecimento o filho estimava.
Entretanto, Einstein ia dando lições em Colégios privados e a particulares, para garantir a sua subsistência.
Já bastante desesperado com a situação, Einstein foi ter com o seu ex-colega Marcel Grossmann, que se tornara Assistente Universitário, na Escola em que ambos se formaram. Aí não lhe podendo valer, Marcel prometeu, todavia, ajudá-lo no que estivesse ao seu alcance.
Com efeito, o pai deste conhecia o Director da Repartição Pública de Registo de Patentes, em Berna, Friedrich Haller, o qual, avisado, convocou Einstein para uma entrevista, para aquilatar da sua adequação a uma possível vaga no quadro técnico superior da instituição.
Nela se deu conta de que o moço não reunia as qualificações técnicas pretendidas para o lugar, mas no decurso da mesma se terá apercebido da sólida formação e interesse do moço por algumas matérias, entre elas a da teoria do Electromagnetismo de James Maxwell.
No entanto, nada poderia fazer, naquela altura, 1901, aconselhando-o a estar atento ao anúncio de vagas postas a concurso oficial que iria surgir na imprensa a breve prazo.
Einstein, já em Berna, em Fevereiro de 1902, não deixou de saber da abertura de uma vaga, pela gazeta federal e, naturalmente, a ela concorreu, tendo sido admitido, em 23 de Junho, para o lugar de Engenheiro Estagiário de 3ª classe, com o vencimento anual de 3 500 F, modesto, segundo dizem, mesmo para a época.
Ou seja, e aqui é que reside o fulcro da história, mesmo um génio, como o nosso Albert Einstein, jovem, idealista e bem formado, teve de agenciar uma oportuna cunha, empenho de amigo dilecto (quem o indicou), para lograr o seu primeiro emprego estável, mas de mui modesto estatuto, apesar de todas as suas potencialidades.
Exultai, pois, ó ávidas e venais criaturas destes pós-modernos tempos, especialistas em manobrar expedientes diversos, nos meandros do poder, para cobrar múltiplas sinecuras, porque estais de antemão relativizadas nesse comércio, pelo vero criador da Teoria da Relatividade.
Se até um vulto da Ciência, como Einstein, houve de recorrer a esse nefando método, porque havereis vós de vos inibir ante tal possibilidade ?
A vida de Einstein tem muitos e variados episódios interessantes, quer nos aspectos científicos, alguns bastante complexos, como qualquer um que haja estudado Física na Universidade pode comprovar, mesmo sem se ter adentrado muito nela, como também nos seus comuns aspectos quotidianos e nas reflexões de carácter cívico e filosófico, em que o génio de Einstein sempre se manifestava.
Até o seu tão proverbial pacifismo se viu corrigido perante a necessidade de suster e derrotar a bestialidade nazi.
Há anos, quando passei um período na Suíça, tive oportunidade de, em Berna, visitar a Casa Museu Einstein, casa onde ele habitou, um 2º andar, na Rua Kramgasse, 49, naqueles anos iniciais, mas férteis, da sua estada nesta cidade.
Surpreenderam-me a modéstia e a exiguidade dos aposentos, se bem que na altura o génio fosse ainda um ilustre desconhecido, no mundo conservador da sociedade helvética de então e, provavelmente, tal não destoasse da mediania de conforto dos lares daqueles mais sóbrios tempos.
Era, quando lá estive, há cerca de 14 anos, curador desta Casa-Museu um homem dos seus 70 anos, de espírito jovial, que, ao aperceber-se da minha nacionalidade, me cumprimentou, em Português, coisa que mais me espantou ainda. Disse-me que havia estado, nos anos 50 (séc. xx), em Lisboa, trabalhando na Embaixada da Suíça, como adido ou conselheiro de imprensa e aí havia aprendido a nossa língua.
Logo me referiu alguns pormenores da sua grata memória desses tempos. Tão atencioso se mostrou, que acabou por fechar a Casa, na altura quase no fim do seu período da abertura ao público e só comigo a visitá-la, para me convidar a descer ao rés-do-chão, a tomar um café, num pequeno estabelecimento aí existente, no qual se reunia com os seus amigos diariamente, em amena cavaqueira.
Este facto acabou por alterar completamente a impressão que levara comigo sobre a propalada frieza dos suíços, no seu trato com estrangeiros. Bem sei que posso ter estado perante uma excepção, mas acaba por ser destes acasos que se constrói a nossa falível opinião dos povos com quem entramos em contacto.
Quanto à segunda figura da efeméride, Raymond Aron, terá de ficar para um sequente artigo, em que procurarei reflectir na sua emulação de uma vida, com outro grande ícone do pensamento filosófico e político do século xx, ainda mais publicamente notabilizado que ele, como foi o caso de Jean-Paul Sartre, fundador do Existencialismo, intelectual idolatrado por multidões em todo o mundo, no período do pós-guerra até quase aos anos 80 do século passado, apesar dos erros políticos em que incorreu, como hoje quase todos reconhecem.
Sartre haveria de visitar Portugal, em 1975, em pleno período político conturbado, quando se ensaiava aqui a última revolução leninista da Europa, daquele desconcertante século, de exacerbadas guerras e revoluções, antes de alguém, precipitadamente, ter declarado o fim – próximo e tranquilo – da História, que, afinal, sabemo-lo agora, não será o fim, nem estará próximo e muito menos será tranquilo.
* Para quem ainda não saiba, o Q.I. aqui referido não significa o quociente intelectual ou de inteligência da célebre escala de Binet-Simon, estabelecida no começo do século xx, por aqueles dois Psicólogos franceses, para avaliar capacidades intelectuais de crianças, a partir de testes especialmente concebidos para esse fim. Mais prosaicamente, tem ele aqui o significado de «Quem Indica», circunstância que, como se sabe, ultrapassa, de longe, o valor do real e primitivo Q.I., tornando-o, com frequência, dispensável ou de muito secundária importância.
Nil desperandum / Não desesperar ; e
Nulla dies sine linea / Todos os dias fazer alguma coisa ( de útil, subentenda-se)
AV_Lisboa, 17 de Março de 2005
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2.3.05
A Seara Desprezada
Para vermos como, nós outros, portugueses, temos desperdiçado valores, figuras, exemplos e oportunidades, eis um livro : Over The Edge of The World / Para Além do Fim do Mundo, que constitui mais um caso de óbvio aproveitamento em seara alheia : um ex-jornalista americano, Laurence Bergreen, que nunca se especializou em História, muito menos na dos Descobrimentos, veio a interessar-se pela proeza de Fernão de Magalhães e escreveu o que dizem ser um êxito de vendas, vulgo best-seller, sobre este nosso herói, estranhamente pouco valorizado pelos seus descendentes actuais.
Não posso ajuizar do valor do livro, porque ainda não o li, mas sei que suscitou enorme interesse e se transformou em grande êxito comercial, condição nem sempre equivalente a atestado de garantia da obra, como por de mais sabemos. Este caso, no entanto, não pôde deixar de me impelir a expressar alguns fundos e antigos sentimentos e preocupações quanto a certos traços de carácter da nossa gente do tempo presente.
Quase todos os portugueses conhecerão quem foi Cristóvão Colombo e o feito que o celebrizou, até porque viram o filme que sobre ele fizeram, há alguns anos, bem interpretado, reconheça-se, por Gerard Depardieu, quando se comemorou (1992), com pompa e circunstância, sem complexos, da parte de nuestros hermanos, o 5º centenário da 1ª viagem daquele navegador às Antilhas, terras a que ele, por erro de cálculo, chamou Índia, mais tarde também chamadas de Índias Ocidentais, por infuência do mesmo erro.
Por sinal, no regresso, o primeiro a receber a notícia do descobrimento foi o nosso D. João II, o Príncipe Perfeito, El Hombre, como lhe chamava Isabel, a Católica, e não, como seria de esperar, os Reis de Espanha, ao serviço de quem Colombo se colocara,como sucederia, de resto, com Magalhães, depois de haver aprendido a sua arte em Portugal e de aqui ter visto recusado apoio ao seu ambicioso, mas erróneo projecto.
Diz-se que D. João II, seguro e soberbo do seu saber, estribado no conhecimento de cosmógrafos e cartógrafos experimentados, lhe terá comunicado que aquilo que ele havia encontrado não era a Índia, como pretendia e, em todo o caso, o que quer que fosse que tivesse encontrado, a ele, D. João II, Rei de Portugal, lhe pertencia, por força do Tratado de Alcáçovas, então em vigor, que dividia o mundo por um paralelo passando pelas Canárias, atribuindo a Portugal, as terras descobertas ou a descobrir ao sul daquela linha e as a norte, a Espanha, com excepção dos arquipélagos da Madeira e dos Açores, já anteriormente descobertos e povoados por Portugal.
D.João II mandou de imediato uma embaixada aos Reis Católicos e ordenou que se preparasse uma esquadra, sob o comando de D. Francisco de Almeida, futuro primeiro Vice-Rei da Índia, para que fosse tomar posse das ilhas recém-descobertas por Colombo, em nome da coroa portuguesa. Por via disso, rapidamente Fernando e Isabel pediram ao Papa Alexandre VI, um espanhol, a sua intercessão, o que o levou a gizar uma bula cheia de erros, que os portugueses rejeitaram e corrigiram, forjando o que viria a ser o Tratado de Tordesilhas, assinado nesta localidade, em 1494, em resultado de negociação directa com os monarcas espanhóis.
Por ele, ficaria o mundo descoberto ou a descobrir repartido entre os dois estados peninsulares, segundo um meridiano que passava a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, pertencendo a metade ocidental a Espanha e a oriental a Portugal.
Com esta correcção, obrada pelos negociadores portugueses, certamente sustentada num conhecimento científico então de vanguarda, haveria o Brasil, imenso e rico território, porventura já conhecido, em segredo de estado, de caber a Portugal. Aqui temos exemplo, de como é possível, com denodo e saber, lograr defender os interesses próprios, sem deixar que mãos alheias e cobiçosas os venham a captar para o seu lado.
Que bem precisados estamos nós hoje de evocar este magno acontecimento histórico.
Entretanto, quantos compatriotas nossos identificarão no presente a figura de Fernão de Magalhães e a sua notável aventura de exploração dos mares, ao serviço de uma comprovação científica, que importava fazer, por essa época, ao mesmo tempo que se obtinham ganhos comerciais diversos, com as terras e povos com que se estabeleciam relações, de acordo com a mentalidade dos povos europeus dos séculos xv e xvi.
Bastou que alguém se tivesse interessado e disposto a desenvolver alguma investigação, para que o nome de Fernão de Magalhães e a sua circum-navegação se tornassem mais conhecidos no mundo, ainda que por mão de um escritor norte-americano, que nem português, nem castelhano, nem italiano dominava, nem, obviamente, a história, a ciência e a literatura de qualquer destes países latinos.
Porque não fomos nós a fazê-lo, na actualidade ?
Julgo que no passado houve alguns autores portugueses que se dedicaram a estudar a biografia e o feito deste destemido navegador, nomeadamente o Visconde de Lagoa, em 1938. Latino Coelho, no final do século xix, escreveu a biografia de Vasco da Gama e Stefan Zweig, escritor austríaco, muito devotado a temas luso-brasileiros, a de Fernão de Magalhães.
Contemporaneamente, Luís Adão da Fonseca, em 1997, no âmbito das comemorações dos 500 anos do descobrimento marítimo para a Índia, por ocasião da Expo 98, de Lisboa, publicou uma biografia de Vasco da Gama, o forte capitão daquela empresa. É muito pouco, para tamanha importância das façanhas praticadas.
Outros autores nacionais terão ainda escrito esparsamente alguma coisa sobre Fernão Magalhães, como sobre outros navegadores portugueses, mas nenhum na actualidade se terá dado ao trabalho de elaborar uma completa biografia de Fernão de Magalhães : por desinteresse, por fastio, por complexos adquiridos, etc., o certo é que não o têm feito.
Desprezamos assim uma enorme seara que generosamente nos puseram diante dos olhos. Naturalmente que, por tanta e tão escusada cerimónia, outros vêm e virão e, sem esses complexos, colherão as sua fartas e amadurecidas espigas.
Nestes, como noutros pormenores relacionados com o nosso precioso e abundante material histórico, como poucos povos poderão aduzir a seu crédito, se vê o caminho que nos falta percorrer, para sabermos dignificar e honrar o legado dos que aqui nos precederam, nesta pequena faixa do extremo ocidental da Europa, «onde a terra se acaba e o mar começa», no dizer lapidar do nosso grande Camões.
Labor omnia vincit improbus / O trabalho persistente vence tudo ou Assim nos convém acreditar .
AV_Lisboa, 01 de Março de 2005
Não posso ajuizar do valor do livro, porque ainda não o li, mas sei que suscitou enorme interesse e se transformou em grande êxito comercial, condição nem sempre equivalente a atestado de garantia da obra, como por de mais sabemos. Este caso, no entanto, não pôde deixar de me impelir a expressar alguns fundos e antigos sentimentos e preocupações quanto a certos traços de carácter da nossa gente do tempo presente.
Quase todos os portugueses conhecerão quem foi Cristóvão Colombo e o feito que o celebrizou, até porque viram o filme que sobre ele fizeram, há alguns anos, bem interpretado, reconheça-se, por Gerard Depardieu, quando se comemorou (1992), com pompa e circunstância, sem complexos, da parte de nuestros hermanos, o 5º centenário da 1ª viagem daquele navegador às Antilhas, terras a que ele, por erro de cálculo, chamou Índia, mais tarde também chamadas de Índias Ocidentais, por infuência do mesmo erro.
Por sinal, no regresso, o primeiro a receber a notícia do descobrimento foi o nosso D. João II, o Príncipe Perfeito, El Hombre, como lhe chamava Isabel, a Católica, e não, como seria de esperar, os Reis de Espanha, ao serviço de quem Colombo se colocara,como sucederia, de resto, com Magalhães, depois de haver aprendido a sua arte em Portugal e de aqui ter visto recusado apoio ao seu ambicioso, mas erróneo projecto.
Diz-se que D. João II, seguro e soberbo do seu saber, estribado no conhecimento de cosmógrafos e cartógrafos experimentados, lhe terá comunicado que aquilo que ele havia encontrado não era a Índia, como pretendia e, em todo o caso, o que quer que fosse que tivesse encontrado, a ele, D. João II, Rei de Portugal, lhe pertencia, por força do Tratado de Alcáçovas, então em vigor, que dividia o mundo por um paralelo passando pelas Canárias, atribuindo a Portugal, as terras descobertas ou a descobrir ao sul daquela linha e as a norte, a Espanha, com excepção dos arquipélagos da Madeira e dos Açores, já anteriormente descobertos e povoados por Portugal.
D.João II mandou de imediato uma embaixada aos Reis Católicos e ordenou que se preparasse uma esquadra, sob o comando de D. Francisco de Almeida, futuro primeiro Vice-Rei da Índia, para que fosse tomar posse das ilhas recém-descobertas por Colombo, em nome da coroa portuguesa. Por via disso, rapidamente Fernando e Isabel pediram ao Papa Alexandre VI, um espanhol, a sua intercessão, o que o levou a gizar uma bula cheia de erros, que os portugueses rejeitaram e corrigiram, forjando o que viria a ser o Tratado de Tordesilhas, assinado nesta localidade, em 1494, em resultado de negociação directa com os monarcas espanhóis.
Por ele, ficaria o mundo descoberto ou a descobrir repartido entre os dois estados peninsulares, segundo um meridiano que passava a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, pertencendo a metade ocidental a Espanha e a oriental a Portugal.
Com esta correcção, obrada pelos negociadores portugueses, certamente sustentada num conhecimento científico então de vanguarda, haveria o Brasil, imenso e rico território, porventura já conhecido, em segredo de estado, de caber a Portugal. Aqui temos exemplo, de como é possível, com denodo e saber, lograr defender os interesses próprios, sem deixar que mãos alheias e cobiçosas os venham a captar para o seu lado.
Que bem precisados estamos nós hoje de evocar este magno acontecimento histórico.
Entretanto, quantos compatriotas nossos identificarão no presente a figura de Fernão de Magalhães e a sua notável aventura de exploração dos mares, ao serviço de uma comprovação científica, que importava fazer, por essa época, ao mesmo tempo que se obtinham ganhos comerciais diversos, com as terras e povos com que se estabeleciam relações, de acordo com a mentalidade dos povos europeus dos séculos xv e xvi.
Bastou que alguém se tivesse interessado e disposto a desenvolver alguma investigação, para que o nome de Fernão de Magalhães e a sua circum-navegação se tornassem mais conhecidos no mundo, ainda que por mão de um escritor norte-americano, que nem português, nem castelhano, nem italiano dominava, nem, obviamente, a história, a ciência e a literatura de qualquer destes países latinos.
Porque não fomos nós a fazê-lo, na actualidade ?
Julgo que no passado houve alguns autores portugueses que se dedicaram a estudar a biografia e o feito deste destemido navegador, nomeadamente o Visconde de Lagoa, em 1938. Latino Coelho, no final do século xix, escreveu a biografia de Vasco da Gama e Stefan Zweig, escritor austríaco, muito devotado a temas luso-brasileiros, a de Fernão de Magalhães.
Contemporaneamente, Luís Adão da Fonseca, em 1997, no âmbito das comemorações dos 500 anos do descobrimento marítimo para a Índia, por ocasião da Expo 98, de Lisboa, publicou uma biografia de Vasco da Gama, o forte capitão daquela empresa. É muito pouco, para tamanha importância das façanhas praticadas.
Outros autores nacionais terão ainda escrito esparsamente alguma coisa sobre Fernão Magalhães, como sobre outros navegadores portugueses, mas nenhum na actualidade se terá dado ao trabalho de elaborar uma completa biografia de Fernão de Magalhães : por desinteresse, por fastio, por complexos adquiridos, etc., o certo é que não o têm feito.
Desprezamos assim uma enorme seara que generosamente nos puseram diante dos olhos. Naturalmente que, por tanta e tão escusada cerimónia, outros vêm e virão e, sem esses complexos, colherão as sua fartas e amadurecidas espigas.
Nestes, como noutros pormenores relacionados com o nosso precioso e abundante material histórico, como poucos povos poderão aduzir a seu crédito, se vê o caminho que nos falta percorrer, para sabermos dignificar e honrar o legado dos que aqui nos precederam, nesta pequena faixa do extremo ocidental da Europa, «onde a terra se acaba e o mar começa», no dizer lapidar do nosso grande Camões.
Labor omnia vincit improbus / O trabalho persistente vence tudo ou Assim nos convém acreditar .
AV_Lisboa, 01 de Março de 2005